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Entre aspas: Perdoar e esquecer


Quando tu era pequena perdoou tua mãe por dizer que o Papai Noel existia, mas nunca esqueceu. Isso ficou guardado na tua cabeça, num armarinho de perdões. Mas, convenhamos, essa foi uma mentira boba, porque os adultos tentam explicar tudo, e não conseguem. Tu foi ensinada que precisa dum príncipe pra te salvar do encantamento mortal, e tu mudou de ideia, porque tem gente que não sabe pedir perdão, tem gente que dá as costas, que não luta, que deixa ir. Que é covarde demais pra bater no peito e dizer: “Hei, eu vou trancar a porta e daqui cê não sai”. Tem gente que diz eu te amo, mas não luta, não tenta. Eu tentei. E ai tu vê que não é mais saudade: é solidão, porque tudo fica só sem aquela pessoa do teu lado, tudo fica frio, solitário, e tu sente falta dele falando anedotas, brincando com seus cabelos. E de repente tu quer que ele ouça The Reason, Everything e One Last Time do The Kooks se lembrando de ti, porque tu lembra dele só de piscar. Em todos lugares. E ai ele diz pruma amiga tua que tu quer ir embora, mas não faz na tu ficar. Só falta dar tchauzinho de miss e dizer: “Foi bom ter te conhecido”. Ai tu entra num estágio pior: quando qualquer bobaginha que ele diz dá uma esperancinha boa. Ai tu deita e chora, porque é orgulhosa, mas é medrosa, e não sabe se ele tá bem, se ele tem algum plano pra te fazer ficar, mas ele não tem e tu sabe disso. Mas tu gosta de pensar que vai dar certo, que ele vai lutar, mas, ele não vai, porque no momento Pânico, Internet, Loiras e Futebol são a vida dele. Parou, estagnou. E tu tinha dito reticências. Ele, dramático do jeito que é, levou pro lado errado e não entendeu. Tu tem alma de poeta, ele, de equação. Tuas amigas te apoiam, os amigos dele mal citam seu nome, e ai tu se lembra do potinho de grafite que ele te deu na sexta série. Ele nunca te deu nada. Nem presente, nem passado, nem futuro, mas tu deu todo teu tempo, e ele, uma parcela. Amar, se fosse guerra, vocês dois tinham perdido, e tu sabe disso. Ele pode te amar. Mas aquele semblante de bom samaritano não engana; ele não vai mover uma palha por ti. Tu pega e pensa: “Cara, eu tô aqui, você vai me deixar ir?”, e ele te conhece muito bem, e fica na dele. Na calçada oposta, ouvindo uma garota cantar Our Song da tua Taylor Swift enquanto na tua cabeça só se faz tocar Only One Who Knows. E ele disse que sente tua falta, e tu sabe que sente falta dele mas vocês não vão fazer nada. Não que tu deva. Não que ele deva. Mas ele te joga a culpa e tu, por amor, devolve. Inquieta, as lágrimas caem, e tuas mãos marcadas pela dor da unha contra a carne. Tu tá tentando ser forte. Ele também. E tu sabe que tu sempre foi mais forte que ele. Ai vocês se olham por um minuto. Até aquela garota irritante chamá-lo pra dançar, e tu lê os lábios dela dizerem: “Ela cortou a franja”. Dane-se que tu cortou a franja. É tua. E de mais ninguém. […] E tu sabe que depois dele vão haver mais outros mil, só que tu ama ele e ele te marcou demais pra ser esquecido. E tu também marcou ele. […] E ai tu deita, e tem tanta coisa na cabeça que passa da meia-noite quando tu acaba esse texto, falando em terceira pessoa, e tu ri, porque chorar tira o sono (amar ele também) E tu se pega pensando: “Essa insônia vale a pena…”

Quer saber quem escreveu esse texto?

2 comentários:

Larissa Inae

Seu blog é muito fofo,estou seguindo se puder retrebuir www.jeittodemeniina.blogspot.com

Kaslley

Oie , adorei seu blog . E estou seguindo . Segue de volta? www.estilosa-sempre.blogspot.com

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