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Entre aspas: A carta


Meu despertador havia tocado, mas parecia que ele estava tocando a bastante tempo. Levantei, peguei minha toalha e fui tomar banho, eu demorava em torno de uns 10 minutos, enquanto meu café fervia fui trocar de roupa. Já estava atrasada para minha aula de química, estava sem coragem de ir a escola depois de tudo o que aconteceu. Fiz minha prova de química, minha mente estava tão cheia que nem estudar consegui. A professora pegou a prova de minhas mãos fez um leve movimento com a cabeça, e eu ja entendi que ela quis dizer que eu zerei a prova. Estava em uma depressão total por causa dele, depois dessa prova nem fiquei mais na escola, fui para casa. Eu mal conseguia andar na rua, estava cansada, machucada, pensando nele. Cheguei em casa me joguei no sofá e comecei a beber, já nem enxergava mais onde eu estava. A bebida estava me consumindo, e ele consumindo minha mente. Eu não era uma das melhores garotas que havia na cidade, não tinha uma belo cabelo comprido e macio, não era o tipo de garota que todos olhavam, eu era insultada, e a única coisa que me restava era meu coração, mas até isso conseguiram machucar. Eu me sentia tão bem acordando e sentindo seu cheiro do lado, olhar para o lado e ver o seu lindo sorriso. Mas é como dizem “ele faz da minha vida o céu e o inferno” (…) mas até agora foi só o inferno. Manhã seguinte acordo, mas já estava atrasada, de ressaca, e nem pude tomar café nada. Fui direto pro banho e corri as setes longas quadras para chegar a escola. Todo mundo ficava me olhando como se eu fosse suja, ou até uma criminosa, e olha que até agora o meu único crime foi me apaixonar por você, porque isso realmente foi pior do que ficar presa. Depois de você ter arrebentado meu coração ainda vem com a maior cara de pau perguntar se estou bem. Eu ignorei. Chegando em casa resolvo escrever uma carta falando tudo (…) “Ah, tanta saudades de você” parei ali então. Perdi até as contas de quantas vezes rabisquei o papel, nem sabia se o certo a fazer era lhe mandar uma carta, ou ir falar pessoalmente com você. Mas eu estava nervosa, e nem coragem me veio para ir atras de você. Respirei fundo, muito fundo e escrevi. “De vez enquando bate aquela saudades de você, mas eu não tenho vontade de ir atras. Se eu tropeçar e cair de uma escada acho que iria doer menos do que você fez comigo.” Mandei para o seu endereço. Esperei uma semana. Uma longa semana, não fui a escola, não saia de casa, não liguei para ninguém, nem no computador eu fui. Enquanto tentava cochilar tocou meu celular, dizendo que você também não tinha mais ido para a escola. Lhe mandei outra carta (…) ” Fiquei sabendo que não foi a escola, lhe fiz alguma coisa?” Você não respondia minhas cartas, nem retornava minhas ligações. Esperei novamente uma longa semana para ir atras de você. Eu cheguei em frente a sua casa e havia muitos policiais pelo lugar, quando comecei a ver essa gente toda, com meu casaco quase caindo de meus ombros, meu vestido arrastando pela rua comecei a correr (…) Foi a pior cena da minha vida. Me joguei no chão ao seu lado e comecei a chorar, mas não podia fazer nada, não podia voltar no tempo, nem ter ouvido o que você tinha para me falar. Os políciais me perguntaram se eu era Mariana. Tremendo, com as lágrimas saindo rápidamente fiz com a cabeça que sim, eles sorriram e me entregaram sua carta. (…) “Ah meu amor, me perdoe se não fui bom o suficiente para você, me perdoe o que lhe fiz de mal, tentei te proteger mas acabei te machucando mais ainda. Não fui a escola porque estou ficando doente. Sei que você está brava comigo, mas eu te amo mesmo assim.” Foi a pior sensação da minha vida, senti como se tivesse te matado. Eu já não aguentava mais, não tinha forças nem sabia se o que iria fazer seria melhor para mim. Pois então deixei um bilhete com uma letra em tom de cinza. “Parti para encontrar o amor da minha vida.” Não tive tempo de escrever tudo, sua ex-namorada veio e ficou tudo preto, fui caindo aos poucos no chão em seu lado, com um tiro nas costas.

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